Se este fosse o último poema da minha vida,
o que eu diria? Se eu fosse morrer amanhã?
O que escolheria, entre tudo, para compartir,
antes de descer e dormir o sono maior?
Que, pelo amor, valeu a pena. Que vou-me
feliz por ter podido vir. Se tenho lágrimas
nos olhos, enquanto morro, não é a agonia.
É o comovimento. É gratidão por ter nascido.
Por estes olhos um dia terem se aberto,
e terem podido te olhar, flor em meu deserto.
Por estes ouvidos um dia terem surgido
para beber o mel do teu miado, felina.
Por ter um dia começado a bater seu
infatigável tamborzinho este súdito teu
que carrego no peito, aclamando-te!…
E por levar-me o tempo deste mundo
onde impossível seria permanecer
sem ti, vida minha em outro corpo!
(Carli – Outubro de 2010)
Publicado em: 21/12/10
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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Comentou em 04/01/11