Na manhã do último sábado, 07 de outubro, as forças de ocupação sionistas foram surpreendidas por uma ação do Hamas, brigada da resistência palestina que bombardeou os territórios espoliados e ocupados por “Israel”, por enquanto. A ofensiva palestina é uma reação contra os 75 anos de ocupação, apartheid, racismo e violência brutal que o estado sionista de Israel promove contra os palestinos em suas próprias terras.
Ao contrário do que afirma o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a guerra de “Israel” contra a Palestina não começa nesta manhã; ela começou antes mesmo da criação do estado de “Israel” em 1948. A ideologia sionista desde seu principio é uma forma de violência contra o povo palestino, tendo como seu lema a frase “Uma terra sem povo para um povo sem terra”, referindo-se ao território ocupado pelos árabes palestinos há milhares de anos. O apagamento dos palestinos é uma das bases do sionismo e, portanto, do estado de “Israel”, que se empenha nessa missão ideológica e faz dela também uma missão militar de eliminação de um povo.
Palestina: Um breve histórico
No século XIX, a Palestina integrava o território do Império Otomano, a população era composta por maioria de mulçumanos (87%), uma parcela de cristãos (10%) e os judeus representavam apenas 3% do contingente populacional. No final deste mesmo século surge a ideologia sionista com o apoio da Grã Bretanha. Em 1917 os colonizadores ingleses prometeram, na Conferência de Balfour, “uma casa nacional para o povo judeu” na Palestina.
Em 1895, o projeto sionista em curso já inciciava o processo de limpeza étnica da Palestina a partir da pressão econômica sobre os cidadãos palestinos. Apesar da minoria populacional, os sionistas, com o apoio da Grã Bretanha, impediam que os árabes-palestinos conseguissem empregos em sua terra natal, forçando-os a se mudar.
Aliado a isso, em 1901 há a criação do Fundo Nacional Judeu e o inicio do processo de alienação da terras palestinas, que se intensifica com a criação de “Israel”, em 48. Segundo Joseph Weitz, diretor do Fundo Judaico do Território Nacional, em 1940, “não há espaço para os dois povos neste país […] não há outro meio senão transferir os árabes daqui para os países vizinhos”.
O reconhecimento do estado de “Israel” pela ONU pressupõe a divisão do território entre as duas nações e estabelece uma série de medidas para garantir os direitos de ambas. Basta olhar para os acontecimentos recentes para saber que o terrorismo institucional de “Israel” atenta contra essas regras diariamente. Desde o primeiro momento, o estado recém criado já inicia seu processo de expasão e invasão do território palestino.
A legitimidade de “Israel” no cenário internacional (fruto, em grande medida, do preconceito do ocidente contra os povos árabes) aliada ao seu poderio bélico são fatores que dificultam a resistência palestina. É preciso destacar, neste momento, o papel dos Estados Unidos no fortalecimento militar e econômico de “Israel”. Até 1991, o total estimado de transferência de recursos dos EUA para “Israel” era de 77 bilhões de dólares.
O ocidente fecha seus olhos para a violência, o racismo e o colonialismo de “Israel”. Pela cumplicidade das lideranças e dos organismos internacionais que se calam diante do extermínio desse povo é que a violência de “Israel” se mantém e se agrava.
A Resistência Palestina
O que vemos hoje é o resultado de um processo de extrema violência a qual os palestinos e palestinas estão submetidos há mais de 70 anos. O estado de “Israel” promove guerras, bombardeios, ataques a escolas e hospitais e massacres contra o povo palestino frequentemente há decadas. Qualquer atitude de resistência e de retaliação que os palestinos promovem, atirando pedras contra os soldados armados até os dentes com o dinheiro sujo do império norte americano, é retratado na mídia do grande capital como mais um ato de terrorismo digno de condenações internacionais e repúdio de todos. As centenas de crianças palestinas assassinadas pelas forças de ocupação, os milhares de presos para além da população que vive em grandes prisões a céu aberto não são dignos de manchetes ou indignação. Os colonizadores israelenses impõem uma rotina de pânico e violência sobre a população palestina. Mas quando os oprimidos se levantam contra o opressor, o escândalo é imediato.
O levante do Hamas hoje é um grito por justiça, por autodeterminação, pelo fim do apartheid e de toda a violência do estado de “Israel”. É um chamado para a luta de um povo que nunca cedeu. Todos os povos oprimidos do mundo devem se juntar e se solidarizar com a luta dos palestinos e das palestinas. Uma guerra contra um estado opressor e violador de direitos é uma guerra justa.
Toda solidariedade ao Povo Palestino!
Pelo fim do Estado genocida de “Israel”!
Por Gabriela Callegaris
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Foto da abertura: Hani Alshaer/Anadolu Agency via Getty Images
Publicado em: 10/10/23
De autoria: Gabi Callegaris Gabi
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