Sem dúvida, de todos os poetas que conheci, Lucrécio (99 – 55 a.C.) é um dos que mais me comove e inspira. Ficar fuçando pelos esplêndidos sebos de Toronto valeu demais a pena: um dos melhores frutos da caça foi uma edição de Of The Nature Of Things, publicada em 1957 (New York, Dutton Paperback), que encontrei pela bagatela de 4 dólares. Dizer que este já virou um livro de estimação, um pet-book, é pouco; o poema-tratado lucreciano é um amigo pra carregar vida afora (e cabe no bolso!). Há certas sequências de versos que tem a força dos melhores monólogos de Shakespeare, o pathos trágico de um Ésquilo ou Sófocles, e ainda por cima comunicam com perfeição a essência da filosofia de Epicuro. No vasto oceano da matéria em eterno movimento e tumulto, vida e morte dançam entrelaçadas. E os funerais dos que morreram recentemente sempre ocorrem simultaneamente aos choros dos recém-nascidos que acabam de chegar às praias da luz…
“Nor can those motions that bring death prevail
Forever, nor eternally entomb
The welfare of the world; nor, further, can
Those motions that give birth to things and growth
Keep them forever when created there.
Thus the long war, from everlasting waged,
With equal strife among the elements
Goes on and on. Now here, now there, prevail
The vital forces of the world – or fall.
Mixed with the funeral is the wildered wail
Of infants coming to the shores of light:
No night a day, no dawn a night hath followed
That heard not, mingling with the small birth-cries,
The wild laments, companions old of death
And the black rites…”
LUCRETIUS.
Book II. Pg. 66.
Translated by William Ellery Leonard.
Publicado em: 12/12/14
De autoria: casadevidro247
Em Toronto tudo fica mais inspirador. Acompanhado do Lucretius, então, uau.
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
marielfernandes
Comentou em 14/12/14