Fradulenta, canalha, golpista: são estes alguns dos epítetos que o filme lança na cara da meia dúzia de corporações capitalistas que comandam a mídia no Brasil, “país dos 30 Berlusconis”, como o apelidou a Repórteres Sem Fronteiras. O filme de Guelli surge em boa hora, traçando claramente os elos que conectam a ascensão do fascismo e as posturas da mídia corporativa.
Da construção fictícia de um “movimento popular contra a corrupção”, que a mídia ajudou a catapultar na esteira das Jornadas de Junho de 2013, manufaturando uma queda brutal nos índices de popularidade de Dilma Rousseff, até abraçar em 2018 os processos síncronos de criminalização e aprisionamento de Lula e de empoderamento via máquina de fake news de Bolsonaro, não faltam provas que fundamentam nossas convicções: houve de fato uma vasta “fraude jornalística que mudou a história do Brasil”. O golpe foi mesmo parlamentar, jurídico e midiático.
“O documentário brasileiro A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha demonstra de uma forma muito direta o envolvimento catastrófico da imprensa na política brasileira dos últimos anos, abrindo as portas para a emergência do populismo de tonalidades fascistas que terminou por vencer as eleições.
O C7nema entrevistou o cineasta Pablo López Guelli, que acredita que a forma de atuação das empresas de comunicação no país são uma “aberração” e que, “como uma organização criminosa“, elas “não têm nenhum problema em destruir um país inteiro para fazer valer os seus interesses“.
Mais do que isso, Guelli coloca a questão que é a grande ameaça às democracias ocidentais: o desnível do impacte dos sentimentos sobre a razão. “É impossível um facto discutir com um sentimento, uma emoção. A emoção ganha“.
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Publicado em: 19/01/22
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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