No dia 04 de dezembro de 2021, feministas do Brasil inteiro foram às ruas dizer que “Bolsonaro Nunca Mais”. Em Goiânia, organizações feministas e culturais, inspiradas na simbologia da divindade Oya Iansã (Santa Bárbara no sincretismo religioso brasileiro), realizaram uma performance histórica contra o culto público a um genocida. Nenhum Diabo Velho (Anhanguera na língua tupi) merece ser reverenciado em praça pública.
Em uma metáfora cênica, mulheres tempestades moveram os ventos e chamaram os raios para colocar fogo no opressor. Neste curta-metragem, concedemos o lugar-de-fala e o espaço de visibilidade a mulheres de luta que não aceitam honrarias a homens que representam o estupro de mulheres indígenas, o roubo de terras e o extermínio dos povos originários do Brasil. Se depender da força e da raça das feministas goianienses, todos os “Diabos Velhos”, os de ontem e os de hoje (como Bolsonaro), serão tombados no chão. Nenhum genocida de pé!
No dia 31 de março, data oficial do Golpe de 64 que colocou no poder generais-gorilas-genocidas, A Casa de Vidro Ponto de Cultura (1ª Avenida, 974 – Q 98 – Setor Leste Universitário) lançará o curta-metragem “Nenhum Genocida de Pé”. O lançamento, com cine-debate e pocketshow, será às 20 horas, te esperamos lá! Além do cinedebate presencial, estaremos transmitindo tudo em tempo real em uma live.
O documentário contêm falas e performances públicas de Cida Alves, Ângela Esteu, Geovanna de Castro, Linda Granadus, Ana Carola, Rainy Agatha, Lívia Assis. Designer gráfico: Gustavo Assis. Fotógrafa: @fotografaangelamacario. Filmagem e montagem: @educarlidemoraes.
Realização:
Bloco Não é Não
Coró Mulher
Circo Laheto
Linda Granados
A Casa de Vidro Ponto de Cultura
AMB Goiás
Conexão Feminista Goiás
#partidA
“Ventos e tempestades da Justiça, nenhum genocida de pé
Tronco!
Chibata!
Epidemia!
Nos mata!
Somos búfalas!
Força e Raça!
Aqui não tem gado!
Abaixo o patriarcado!
Fora machistas!
Fogo no opressor!
Os raios e os ventos!
Axé!
Nenhum genocida de pé!”
Poema manifesto de Dorany Mendes Rosa e Lívia Assis
Um filme de Eduardo Carli de Moraes (2022, 25 min). Apoio: Associação Coró de Pau / Coró Mulher; Não É Não o bloco; Frente Ampla em Defesa da Cultura; Bloco Feminista Cultural. Fotografias: Ângela Macário. Designer gráfico: Gustavo Lopes de Assis. Imagens aéreas (drone): Carlos César. Filmagens pé-no-chão: Eduardo Carli. Trilha sonora: Livia Assis, Dorany Mendes Rosa.
LINK PERMANENTE / YOUTUBE: https://youtu.be/EUX1nwSG7h8
LINK PERMANENTE / FACEBOOK: https://fb.watch/cbYhfSUBwY/
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https://youtu.be/mSSildLHxLchttps://youtu.be/QY4FV2mFde8https://youtu.be/KjEEwWFuWMghttps://youtu.be/OamLGlsNaXg
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“A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.” KARL MARX
Não se trata de usar a borracha de apagar passados. Trata-se de reivindicar outras ancestralidades. Recusar as heranças impostas pelos traficantes de gente, abraçando outros ícones que não aqueles que a ideologia do opressor entrona. Como diz Enzo Traverso, “os manifestantes que derrubam monumentos dedicados a escravistas e genocidas são com frequência acusados de apagamento do passado”, quando na verdade estão engajados em provocar um escrutínio público e uma crítica radical daqueles que são celebrados em estátuas, abrindo um leque mais amplo de possibilidades de narrar a História “do ponto de vista de suas vítimas.” (TRAVERSO: 2020, Revista Nueva Sociedad. Derribar estatuas no borra la historia, nos hace verla con más claridad).
Deste modo, fenômenos como aquele que se manifestou em São Paulo diante da queima simbólica do Borba Gato e como esta performance Nenhum Genocida de Pé em Goiânia, integram uma tendência global de lutas antiracistas, antipatriarcais e decoloniais. Não é por desconhecimento da História nem por analfabetismo político que ativistas estão, pelo mundo afora, atacando e às vezes trazendo abaixo as celebrações públicas de figuras como Cristóvão Colombo, Rei Leopoldo II da Bélgica, Theodore Roosevelt, dentre outros.
Com certa assiduidade, podemos ler na imprensa notícias assim: aos gritos de “assassino!”, manifestantes na Colômbia fazem tremular a multicolorida Whipala enquanto traziam abaixo uma estátua do invasor imperialista Cristóvão Colombo. Similarmente, o jornal El País nos informa sobre a prisão de 5 pessoas que, em um protesto, pixaram a cara da estátua de Colombo de preto e deceparam seu nariz. O cidadão-de-bem e a Sra Lei e Ordem, casados sob os auspícios da igreja e sempre propensos a chamar a polícia ou o exército contra os desordeiros, se apressam a denunciar: “vandalismo!”
Mas vandalismo mesmo é o que os opressores fazem com nossa verdadeira história. Os opressores narram e se auto-glorificam. O capital manda erguer homenagens pétreas a seus heróis, ainda que muitos lucros tenham surgido na esteira de uma carnificina cujas dimensões nenhum tapete do kitsch seria capaz de ocultar por muito tempo. Na real, quem questiona o culto público a uma figura como Anhanguera está sendo Walter Benjaminiano, dando o salto do tigre rumo ao passado, acendendo a centelha de uma esperança: a de que a História possa ser contada pelos pisoteados e espoliados, e que assim empoderados eles possam fazê-la não mais como vítimas da opressão, mas como sujeitos autônomos co-construtores de uma história comum.
Filmar Nenhum Genocida de Pé, no embalo da produção de Polifonia dos Corpos Insubmissos e de Hoje a Aula é na Rua, foi uma vivência ímpar d’uma Zona Autônoma Temporária, à la Hakim Bey. Não éramos muitos – cerca de 50 agentes culturais e políticos estavam exercendo sua cidadania ativa naquele 4 de Dezembro na Praça do Bandeirante – e a repressão policial nos deixou relativamente em paz. As policiais militares mulheres do Batalhão Maria da Penha foram exemplares e até concederam -nos uma elucidativa entrevista.
A queima simbólica, com a atuação performática com fogo de Linda Granados, não chegou nem perto de calcinar a estátua – neste aspecto, o Borba Gato paulista certamente saiu mais queimado. Talvez por isto as viaturas não tenham rosnado tão truculentamente sobre nós. A união das batucadas do Coró Mulher com as coreografias e performances sobretudo propostas pelo Bloco Ele Não tem se mostrado frutífera, expressiva em sua ousadia.
A Casa de Vidro lá estava atuando junto a outros midiativistas, fotógrafos, videomakers, cientes da importância de uma criação de mídia independente que seja contra-hegemônica, provocativa de debates públicos polêmicos e relevantes. Foi outra vivência ímpar poder atuar com os fotógrafos Ângela Macário, Marcos Aleotti, Júlia Lee Aguiar, Lucas Wagner, Marcelle Veríssimo, com os jornalistas Renato Costa, com o cinegrafista de drone Paulo César Pereira, dentre outros.
Estávamos lá para dar visibilidade ampliada, nas redes, ao que fervilhava nas ruas. O resultado aqui está: uma janela espaço-temporal de 25 minutos onde qualquer um pode acessar alguns vislumbres do que foi esta manhã acachapante de protesto criativo e ousadia contestatória, Nenhum Genocida de Pé! Seguiremos produzindo em profusão nossos estalidos de iconoclastia.
Em filmes anteriores, já tentei captar a efervescência dos movimentos feministas – uma luta que é de todo mundo – afirmando que Mulheres Comportadas Não Fazem História. Esta frase da jornalista Rosângela Aguiar continua servindo de emblema para mim: os bom-comportados nunca foram forças transformadoras dos rumos da História, e quem reclama do “vandalismo” contra a pedra normalmente é indiferente ao vandalismo contra a vida humana – como aquele que o genocida Jair Bolsonaro vêm perpetrando impunemente durante a gestão da crise sanitária ocasionada pela pandemia de covid19.
Somos os vândalos de uma outra história possível, enquanto o bolsofascismo apenas repete os equívocos de uma velha e caduca história onde o macho tóxico, militarista e mandão, julga-se no direito de tiranizar, rosnando contra máscaras, promovewndo cloroquinas e mandando para um túmulo precoce mais de 650.000 brasileiros – quantos, uns 400.000 deles poderiam ainda estar com vida se não fosse pela atuação criminosamente responsável do desgoverno de um Coiso que está na linha direta de herança de Borba Gato, Anhanguera, Duque de Caxias e Ustra?
Por fim, queria dizer algo sobre a potência fílmica da derrubada de estátuas: meu cinema, meu ir-pras-ruas com uma câmera-na-mão e mil ideias fervilhando na cabeça, sempre terá a ver com a experiência inolvidável, impactante ao extremo, de assistir a Sergei Eisenstein.
Para além daquela escadaria de Odessa que não permite a nenhum cinéfilo que se esqueça de cenas que ficam marcadas a ferro e fogo na memória, e com a qual o cineasta soviético fez culminar a obra-prima Encouraçado Potemkin, também há em Outubro maravilhosos takes da queda da estátua do tzar. Guardadas as devidas proporções, quis ir em busca da potência povoada que há no cinema de Eisenstein, ou de Vertov, mas no epicentro do Cerrado fulminado por Caiados, boiadas, fascistas e outras velharias que precisaríamos varrer para o Museu da Opressão. Que ficassem trancadas lá, pegando pó.
Este filme também alimenta a fogueira de um debate público muito aceso na atualidade: o racismo estrutural tal como ele se manifesta em sociedades geridas por um escandaloso Complexo Prisional-Militar, onde o encarceramento em massa e a violência policial servem como o modus operandi normal, banal, “procedimento operacional padrão” (Errol Morris).
Nos EUA, o movimento Black Lives Matter encara esta controvérsia, que teve George Floyd de Minneapolis (2020) como emblema recente, tendo às vezes suscitado manifestações de indignação que conduziram a delegacias em chamas, gritos de “fogo nos racistas” e dezenas de depredações e derrubadas das estátuas de escravocratas.
O combate ao racismo não é nenhum picnic e sabemos bem que as forças de repressão do Estado não atacaram os agentes culturais que realizavam as performances retratadas em Nenhum Genocida de Pé, mas certamente o teriam feito caso tivéssemos tentado derrubar ou dinamitar a estátua. Ainda que argumentássemos que estamos ajudando a combater o racismo ao recusar os legados de exterminadores da diversidade humana. Se tivéssemos tentado derrubar o Diabo Velho, seríamos moídos de pancada e mandados pra cadeia por crimes contra um monumento público, por danos à sacrossanta propriedade. Talvez até nos matassem a tiros defendendo os direitos fundamentais da pedra, erigidos sobre a violação ainda tão contínua e banal dos direitos das pessoas.
Derribar estatuas no borra la historia, nos hace verla con más claridad – Por Enzo Traverso.
A nova onda de derrubada das estátuas. Por José Fracisco Alves.
O ponto de cultura, centro de mídia independente e produtora audiovisual A Casa de Vidro precisa da ajuda de colaboradores para continuar desenvolvendo seus trabalhos em cenário de perrengues, carestia, inflação e pandemônio. Este filme foi realizado de maneira 100% independente, sem recursos públicos ou privados, com o empenho voluntário dos agentes culturais envolvidos na produção do curta-metragem. Quanto vale a arte para você? O ativismo libertário pode fazer a diferença se não tiver os recursos materiais para se empoderar cada vez mais? Caso você acredite nesta causa de uma produção artística politizada e libertadora, e quiser nos auxiliar, doe qualquer valor pelo PIX-CPF 33255888832 e torne-se parte da rede de colaboradores dA Casa de Vidro.
https://www.youtube.com/watch?v=6w0iShrY7EMhttps://www.youtube.com/watch?v=4tnzvD3LMqAhttps://www.youtube.com/watch?v=xEvENUZuMMA&t=126s
“Não existe apagamento da história por esta via (a derrubada de estátuas) – depredar alguma coisa que não podemos conceber como homenagem não é apagar, é fazer história.” Rita Von Hunty
Publicado em: 26/03/22
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
Repare bem! Verdade filosófica e sociológica. Eis:
Honestidade e Conservadorismo.
Alta cultura: educação. Geral. E irrestrita. Isso sim.
O Brasil precisa urgente voltar a qualidade de sua vida diária boa. Educação nas Escolas. Ter músicas realmente boas no dia a dia. E bons hospitais. O Brasil precisa urgente voltar a qualidade de sua música. PT venera a Indústria Cultural. Melhor para dominar. Literatura e alta cultura é de que o Brasil necessita a tempo nas nossas escolas e na educação das crianças. E de música boa. Esteticamente boa. A frente de tudo a qualidade de 1ª. Estética. Saúde da mente, portanto.
: A “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis! A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Nada se fez em 13 anos para esse mal brasileiro horroroso. Apenas propagandas e propagandas e publicidade. Frasinhas. Qual o poder constante da propaganda ininterrupta do PT®?
Apenas um frio slogan, o LUGAR DE FALA do Petismo® (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol®: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Apenas signos dessubstancializados. Sem corporeidade. Aqui a superficialidade do PETISMO®: Signos descorporificados. Sem substância. Não tem nada a ver com um projeto de Nação. Propaganda pura. O PT é truculento. O PT é barango politicamente.
Apenas um frio slogan, o LUGAR DE FALA do Petismo®.
Assim como alguém pode reconhecer o rastro tortuoso de uma cobra, eu reconheço o rastro tortuoso de um vigarista como o Mula (lula).
O primeiro passo de um movimento fascista é a combinação sob um líder energético de um número de homens que possuem mais do que a parte média de lazer, brutalidade e estupidez. O próximo passo é fascinar os tolos e amordaçar os inteligentes, pela excitação emocional por um lado e pelo terrorismo, por outro.
Bertrand Russell
O primeiro passo de um movimento fascista é a combinação sob um líder energético de um número de homens que possuem mais do que a parte média de lazer, brutalidade e estupidez. O próximo passo é fascinar os tolos e amordaçar os inteligentes, pela excitação emocional por um lado e pelo terrorismo, por outro.
Bertrand Russell
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
Martha Hirsch
Comentou em 30/05/22