“O Senhor da Guerra não gosta de crianças.”
Legião Urbana
“Nada justifica o assassinato de crianças em escala industrial.”
Jeremy Scahill
E se você ficasse sabendo que mais de 7.000 crianças foram mortas num atentado terrorista em Nova York, em Paris ou em Bruxelas? Que tipo de perplexidade horrorizada esta notícia causaria, e qual a intensidade da reação de indignação diante da monstruosidade?
Mas não, as crianças mortas em massa não são européias, não são estadunidenses, não são canadenses ou belgas… vidas palestinas importam menos que quaisquer outras vidas humanas?
Aqui não se trata de um ataque terrorista “relâmpago” como foi aquele do 11 de Setembro (que aliás só vitimou adultos): aqui estamos falando de mais de 2 meses de bombardeios que, dia após dia, vem massacrando a infância e a adolescência em um dos territórios mais densamente povoados do planeta, enquanto uma parte preocupantemente grande dos cidadãos globais dá de ombros, olha pro outro lado e diz: “por que eu deveria me importar?”
A atitude usual de quem tenta passar pano para o genocídio em curso – haja pano pra tanto sangue! – é dizer algo do tipo: ah, mas o Hamas usa a criançada como escudo… ah, mas o Hamas se esconde debaixo de escolas e hospitais… ah, mas o Hamas… Como se no combate ao Hamas passasse a imperar um “vale tudo” onde todas as regras morais mais básicas e toda o Direito internacional constituído pudessem ser jogadas na lata de lixo da História. Aquilo que é injustificável por qualquer parâmetro ético, seja consequencialista ou deontológico, passa a ser defendido – tem gente que acha aceitável que 15.000, 30.000, 60.000 crianças sejam mortas para o triunfo da “auto-defesa” de Israel contra o terrorismo!?!
Matar mais de 7.000 crianças é construído como meio aceitável para atingir o fim glorioso de limpar o mundo da “monstruosidade” atribuída ao Hamas. Coitados de nós, quando estes que dizem lutar contra monstros não percebem a monstruosidade do que fazem, ou fingem que são os mocinhos da História, infelizmente obrigados a molhar as mãos no sangue profuso de vítimas civis para limpar o mundo de monstros.
Que monstruosidade é, no combate à monstruosidade atribuída ao Outro, fracassar na consideração moral básica, simples, cristalina, de que o assassinato em massa de mais de 7.000 crianças é uma monstruosidade injustificável, e nunca um meio aceitável pra nenhum fim! Em uma atitude supremacista, racista, islamofóbica, que vai na contramão do mundo – nada menos que 153 países votaram pelo cessar-fogo imediato na Assembléia Geral da ONU em Dezembro de 2023 -, Israel faz chover bombas fornecidas pelos EUA sobre crianças, mulheres, médicos, professores, poetas. Para além das pessoas, Israel faz chover bombas sobre hospitais, ambulâncias, escolas, centros culturais, mesquitas, causando o completo colapso da sociedade da Faixa de Gaza.
Não é fake news, nem desinformação: as forças armadas sionistas, com o cheque em branco passado pelo Tio Sam, já massacraram mais de 7.000 crianças – é mais que o dobro de vítimas do 11 de Setembro, em que morreram cerca de 3.000 pessoas. É como se mais de 4 torres do World Trade Center estivessem lotadas de crianças e fossem derrubadas mesmo assim, deliberadamente, pelo sionismo israelense que pretende defender a “Civilização Ocidental”.
Para falar da magnitude desta tragédia é que recorremos a números, mas estamos falando de seres humanos de carne e osso, que sentem dor e sonham, que entraram no nosso mundo comum há poucos anos e já estão sendo violentamente expulsos dele. O massacre dos inocentes que o sionismo nas últimas semanas realiza é um dos piores horrores que esta geração está podendo testemunhar. É um horror obviamente ocultado pelos poderes que estão atolados até o pescoço na produção desta hecatombe: mais de 7.000 crianças assassinadas é uma verdade nua e crua que a Big Tech sediada no Vale do Silício censura, que a mídia corporativa do assim-chamado Primeiro Mundo maquia, que o “cidadão-de-bem” que vota em Trump, Bolsonaro ou Milei distorce em seu prisma reacionário e psicopata para “justificar” com argumentos torpes e toscos.
Netanyahu merece ser julgado por crimes contra a humanidade, assim como a administração Biden por sua cumplicidade com este horrendo assassinato em massa. E não se trata só de matar: já são mais de 50.000 feridos. A estes feridos está sendo negado tudo: não tem hospital, não tem comida, não tem água para que você possa se recuperar das feridas que te foram infligidas. E não se trata só de matar e ferir: está-se atacando toda a infraestrutura da sociedade palestina, como se tornar Gaza inabitável fosse o maior dos objetivos, como se o bombardeio de mesquitas, universidades, centros culturais, locais de produção e distribuição de alimentos, estivesse entre os objetivos do sionismo genocida tentando aplicar sua versão da Solução Final ao Hamas.
Estamos diante de um paradigma horrendo do que é Terrorismo de Estado. Estamos vendo uma sucessão ininterrupta de atrocidades imperiais que tornam a aliança dos sionistas com os yankees uma triste encarnação conjugada de falência moral, estupidez política e criminalidade imperial desenfreada.
“Uma guerra sempre avança a tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Pra que exportar comida
Se as armas dão mais lucros na exportação?
(…) Que belíssimas cenas de destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação
Veja que uniforme lindo fizemos pra você
E lembre-se sempre que Deus está
Do lado de quem vai vencer…”
LEGIÃO URBANA
Canção do Senhor da Guerra
#StopGenocideOfPalestinians
#FreePalestine
#CeaseFireNow
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Publicado em: 15/12/23
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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