A CASA DE VIDRO em AMSTERDAM – 15/11/23
CEASE FIRE NOW! MOBILIZA CENA CULTURAL DE AMSTERDAM E ARRECADA MAIS DE 70 MIL EUROS PARA SOCORRO EMERGENCIAL DAS CRIANÇAS PALESTINAS
por Eduardo Carli de Moraes
No momento em que escrevo estas trêmulas e indignadas palavras, <4.650 crianças e 3.145 mulheres já foram mortas pelas forças armadas de Israel>. Sob o pretexto de combater o terrorismo, as atrocidades proliferam no território palestino invadido brutalmente pelas tropas do desgoverno sionista, supremacista, islamofóbico, racista, de extrema-direita e explicitamente carniceiro encabeçado por um criminoso-de-guerra chamado Netanyahu.
O <diretor geral da ONU Antonio Guterres disse que Gaza se transformou num “cemitério de crianças”> e o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina afirma que há pelo menos 1.350 crianças desaparecidas debaixo dos escombros e que o número de fatalidades deve aumentar tremendamente nos próximos dias devido ao bloqueio imposto por Israel em relação à entrada de alimentos, água potável, medicamentos e combustível.
Na <fotografia Mohammed Abed / AFP que abre este artigo, vemos a criançada no Sul de Gaza, perto de Rafah, fronteira com o Egito>, fugindo dos bombardeios. A ironia macabra é que Israel ordenou que os palestinos migrassem do Norte para o Sul, forçando o deslocamento de 1 milhão e 100 mil pessoas, que se transformaram em refugiados internos dentro do enclave, mas depois Israel bombardeou também as regiões que supostamente estariam a salvo de suas agressões bélicas.
Diante de tal descalabro, o que pode uma cena cultural, em uma cidade que fica a 4.500 km de distância de Jerusalém, realizar em solidariedade a um povo que padece neste momento com a terrível opressão de um massacre com feições de limpeza étnica? O que pode a música, a dança, a poesia, diante de tanques e metralhadoras que parecem seguir sua matança de civis sem dar a mínima para o que artistas possam expressar? Agentes culturais coligados podem mesmo fazer qualquer diferença significativa diante de uma das piores crises humanitárias do século 21?
Enquanto Gaza vive seus momentos mais trágicos, com o hospital Al-Shifa invadido pelas tropas sionistas, abundantes protestos e eventos vem proliferando mundo afora – incluindo as maiores marchas pró-Palestina já ocorridas na história dos EUA e da Inglaterra.
Após 5 semanas de ininterruptos bombardeios e ofensivas terrestres das Forças Armadas de Israel, em um processo de brutalidade sem precedentes por parte do sionismo apoiado pelos yankees, o cenário cultural Amsterdammer organizou emergencialmente uma noite beneficiente unindo as casas Melkweg e Paradiso à <ONG Save The Children> – que recentemente revelou que desde 7 de Outubro “foram assassinados mais meninas e meninos em Gaza do que aqueles que morrem anualmente em todas as guerras do mundo.” (Ver Babiker, Sarah)
Com ambos espaços lotados na noite chuvosa desta Quarta Feira, 15 de Novembro, dezenas de poetas, rappers, musicistas, cantores, performers e ativistas políticos subiram aos palcos da metrópole holandesa para o evento CEASE FIRE NOW! Através da venda de ingressos e posters, além de doações voluntárias da galera que esteve no evento, foram arrecados recursos que superam €72000 (setenta e dois mil euros) – o equivalente a aprox. R$379.000 (trezentos e setenta e nove mil reais).
Os recursos irrigarão as bases em Gaza da Save The Children diante da emergência que incide especificamente sobre as crianças e adolescentes no território – a cada 10 minutos, uma pessoa com menos de 16 anos é assassinada pelas forças armadas israelenses em Gaza. A Casa de Vidro esteve lá e oferece aqui um painel de fotografias e vídeos que permite uma imersão audiovisual em alguns dos momentos marcantes desta noite em prol do cessar-fogo imediato. Don’t side with genocide, Free Palestine!
“Cease Fire Now! Cease Fire Now!”, bradava o público presente no espaço cultural Via Láctea no último dia 15 de Novembro. Neste vídeo exclusivo realizado por @acasadevidro_pontodecultura, o público tem acesso à comovente fala de @taghreed_elkhodary, nascida e criada em Gaza, que relata sua angústia e indignação diante do que ocorre em sua terra natal. “Minha professora de música da escola fundamental acaba de ser morta pelas forças armadas de Israel”, ela conta à platéia. “Ficou 24 horas agonizando sozinha pois os israelenses não deixam organizações como a Cruz Vermelha trabalharem.” A jornalista e ativista critica duramente o governo holandês por participar do grupo de países ocidentais que dá “luz verde” para os massacres perpetrados pela extrema-direita sionista em Gaza e nos lembra: dos 2 milhões e 300 mil habitantes do território, 50% são menores de 16 anos de idade. Mais de 12.000 pessoas já foram mortas pelas tropas israelenses desde 7 de Outubro, mais de 5.000 delas eram crianças.
Neste 20 de Outubro, onde celebra-se globalmente o “World’s Children’s Day” instituído pela ONU, não há nada a comemorar – muito pelo contrário. É deplorável que a comunidade internacional e os países que se auto-proclamam pertencentes ao Ocidente civilizado permaneçam em estado de complacente cumplicidade com os crimes de guerra e atrocidades injustificáveis que o regime encabeçado por Netanyahu realiza neste momento em Gaza.
Este tocante relato de Taghreed inclui um testemunho em primeira pessoa sobre o sofrimento psicosomático extremo que está sendo infligido ao ser humano no território que atualmente o Estado teocrático, supremacista e racista de Israel trata como “zona de sacrifício”, tentando impor uma Nakba 2.0.
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Publicado em: 16/11/23
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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