O combate contra o fascismo não é nenhum picnic. E nós não teremos como nos furtar a ele. O terceiro mandato de Lula – já marcado pela intervenção federal no DF sob comando do Ministério da Justiça sob a guarida de Flávio Dino – inicia-se diante desta tarefa antifa urgente e inadiável, combater as hordas de bolsonaristas, inconformados com a derrota nas urnas, que vem escalando em suas ações de terrorismo fascista.
Falar em “atos antidemocráticos” já é eufemismo diante dos episódios de 8 de Janeiro, uma semana após “a alegria ter tomado posse”, e esta intentona bolsonarista de golpe sem impeach revelou, ou melhor, explicitou a extensão do niilismo e da destrutividade que dominam a seita extremista que idolatra o Mito(maníaco).
Não satisfeitos com as arruaças golpistas que fazem desde 30 de Outubro – inclusive trancar rodovias, clamar por intervenção militar na frente de quartéis, rezar pra pneus, solicitar invasão de OVNIs, queimar busão público e planejar atentado a bomba no aeroporto de Brasília – os lunáticos do Bolsonaristão promoveram em 8 de Janeiro o que talvez seja o pior atentado terrorista contra o Estado Democrático de Direito da história da Nova República.
Os pseudo-patriotas, trajando o uniforme da seleção (para desespero da CBF), literalmente cagaram, mijaram e destruíram tudo que viram pela frente enquanto Jair Bolsonaro e seu ex-ministro da Justiça, o sr. Anderson Torres, observavam tudo à uma distância segura, lá nos EUA que também Olavo de Carvalho, chefe ideológico da seita, havia escolhido como refúgio.
O horror só pôde se consumar com a criminosa leniência de autoridades golpistas que infestam o governo do DF – a depredação nunca teria ocorrido, é óbvio, se esta fosse uma manifestação “de esquerda”, em qualquer momento do período pós-democrático iniciado com o Golpe de 2016 e que Lula 3 tem agora a missão de superar, inaugurando de novo um ciclo democrático no país. Imaginem, nos governos Temer e Bolsonaro, se fossem manifestantes esquerdistas, incluindo estudantes, professores e sindicalistas, que estivessem reivindicando saúde, educação, cultura, justiça social, participação cívica, o que aconteceria? Não seriam prontamente reprimidos violentamente pela PM e pelas Forças Armadas muito antes de chegarem nas cercanias do Parlamento, do STF e do Palácio do Planalto?
Como eram “cidadãos de bem” da direita bolsonarenta, rezando Pais Nossos e Aves-Maria, vestidos de verde-amarelo e não de vermelho, os vândalos destruidores do patrimônio público da pátria puderam acessar os espaços de poder com facilidade inaudita. E, uma vez ali, liberaram seus ímpetos criminosos mais niilistas e ferozes, provando mais uma vez que o efeito deletério de Bolsonaro na história brasileira está longe de estar contido e superado. O bolsonarismo, que dá cada vez mais pinta de ser uma manifestação específica da psicose coletiva e da dissonância cognitiva, infecta as instituições, as polícias, as forças de segurança e de justiça, as igrejas e templos, as escolas e universidades, as mídias etc. feito uma epidemia viral de alguma raiva desconhecida, feito uma doença contagiosa das mais letais, adere ao “caos como método” (como diz Marcos Nobre) pela falta de qualquer outra tática minimanente sagaz. A aposta é no caos pois eles não tem nada melhor a propor.
Já sobram provas (faltam ainda convicções?) de que Jair Genocida Bolsonaro desperta o que há de pior no ser humano e precisa ser responsabilizado – ou seja, punido junto com os demais operadores do genocídio que vivemos na pandemia e do terrorismo golpista que agora ostenta-se para o mundo inteiro. Anistia é o carai. O bolsonarismo, enquanto força social epidêmica e integrante da extrema-direita global que tem em Trump e Orban seus maiores representantes, vem batendo recordes na famigerada arte de produzir uma degradação ética e política sem precedentes aonde quer que sua influência necrófila se espraie.
Ao contrário do Rei Midas do mito, que transformava em ouro tudo o que tocava (o que não deixa de ser horrendamente trágico), o bufão fascista Jair parece transformar em merda tudo em que encosta. O impacto nefasto do fascismo bolsonarista sobre a vida cívica brasileira é uma das principais “tarefas de reconstrução” que Lula 3 enfrentará – mas esta não é uma tarefa deste governo, neste mandato, ela nos concerne a todes, e por muito tempo, nas próximas décadas, e demanda uma autêntica revolução educacional e cultural que nos ocupará pelo resto de nossas vidas. Sem certeza de vitória final, só de longas batalhas que, como se diz, não serão nenhum picnic, mas é nossa responsabilidade assumir.
Na sequência, uma seleção dos melhores artigos publicados no calor da hora por alguns dos nossos melhores intérpretes de conjuntura – incluindo Eliane Brum no Sumaúma, Rafael Moro no Intercept, R. Mafei na Revista Piauí, além de repercussões na mídia internacional (Democracy Now! etc.). Para mais informações em fluxo contínuo, acompanhe nosso Facebook e Instagram.
LEITURAS RECOMENDADAS:
Publicado em: 09/01/23
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
Orlando Soares
Comentou em 15/09/24