No primeiro trimestre de 2021, a macabra somatória dos efeitos do coronavírus e do Bolsonavírus empurrou para o túmulo mais de 125.000 cidadãos brasileiros, vítimas fatais tanto da doença causada pelo coronavírus quanto da criminosa gestão Bolsofascista da crise sanitária. Apenas no mês de março, o mais letal de toda a pandemia, foram 66.573 vidas ceifadas pela covid19 + covard17 no país.
Como compreender o que tornou possível este morticínio épico sem sondar as entranhas desta ideologia tóxica do Bolsofascismo? Antes mesmo da covid19 começar entre nós sua carnificina, o covard17 já tinha infectado a tantos de nós, viralizando o niilismo, o desdém pela vida, a violência contra os oprimidos. Em suma: já estávamos adoecidos pelo empoderamento e disseminação de uma necropolítica assassina, propugnada por velhos homens brancos e ricos, desejosos de manter, custasse o que custassse, a sua ameaçada supremacia.
Com o empoderamento do discurso de ódio em suas mais ferozes manifestações (misoginia, supremacia branca, homofobia, fanatismo religioso etc.), que são sintomas de infecção pelo Bolsonavírus-covard17, uma pergunta coloca-se no horizonte: como faremos para desarmar tanto desamor?
Em seu último dia entre os vivos, falando no evento Jovens Negras Movendo as Estruturas (click e assista ao vídeo na íntegra), Marielle Franco (PSOL) citou Audre Lorde e abriu caminhos para este desarmamento do desamor que nos adoenta: “Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.” [2]
Na prática, desarmar o desamor significa acolher a diferença, criar pontes ao invés de muros, aglutinar diversidade ao invés de exterminar o outro por sua alteridade. Assim, na construção coletiva de uma transformação de nós por nós, poderíamos agir como pessoas que são diversas mas não estão dispersas, que “agem em concerto” (como dizia Hannah Arendt), e que não se incomodam apenas com as correntes próprias mas também com as alheias.
Poucos minutos depois de ter dito estas palavras Audre Lordianas de comprometimento com as lutas que quebram correntes e enterram velhas escravidões, Marielle era barbaramente executada a tiros no Rio de Janeiro pelos vizinhos de condomínio dos Bolsonaros no Vivendas da Barra.
O interventor federal na cidade do Rio De Janeiro, à época, era Braga Neto (alçado à Ministro da Defesa em Março de 2021), que “poderia ter revelado quem ele ‘acha’ que mandou matá-la”, mas… preferiu não fazê-lo. Os profissionas da violência são também mestres em ocultar informações relevantes para o esclarecimento de uma execução política brutal como esta. [3] O Globo
Ainda que a identidade dos que mandaram matar Marielle os militares preferiram não revelar, ainda assim ficou claro para milhões de brasileiros que aquele crime de ódio só podia ter ocorrido devido ao enfurecido ressentimento de homens brancos, racistas, misóginos, homofóbicos e elitistas, incomodados com uma mulher negra e lésbica tão empoderada, tão dedicada às causas conexas à defesa dos direitos das vidas humanas mais desprezadas e desassistidas, tão engajada na libertação e empoderamento dos mais oprimidos e espezinhados dos nossos cidadãos.
Três anos depois daquele Março de 2018, podemos afirmar que o coronavírus encontrou no Brasil um terreno tão propício de disseminação pois nosso país já se encontrava profundamente adoecido com o Bolsonavírus-covard17 antes mesmo da pandemia. Este infeccioso vírus ideológico é profundamente marcado pelo enfezamento da masculinidade, da branquitude e da cristandade ameaçadas de destronamento. Os privilegiados rosnam e rugem, sacam armas e crucifixos, diante de avanços civilizacionais que contestam as tradicionais hierarquias e exclusões de raça, gênero, classe e fé.
Um dos sintomas mais graves de que esta nação estava infectada pela replicação descontrolada do Bolsonavírus-covard17 ocorreu nas urnas, em 2018, num macabro processo eleitoral fraudulento, em que o candidato que liderava as intenções de voto – Lula da Silva do PT – foi condenado às pressas em golpe de lawfare, encarcerado na Bastilha da PF de Curitiba. Enquanto Lula era injustamente encerrado num cárcere para que não se tornasse o presidente de Brasil para o mandato 2019 a 2022, paria-se o monstro que havia sido alimentado, com muito antipetismo e altas doses de preconceito de classe, misoginia e racismo.
Com apoio de empresários e de megaigrejas neopentecostais (somados a seus aparatos midiáticos Recordistas de Ibope) houve a consagração do que de pior o esgoto da Ditadura Militar vomitou no presente. A eleição fake, com muito caixa 2 ilegal irrigando campanhas de comunicação digitais baseadas na calúnia e na difamação dos antagonistas políticos, do ex-capitão Jair Bolsonaro e General Mourão conseguiu reviver as tragédias pretéritas deste país, porém com outras tintas. O genocídio pandêmico é uma obra dos militares brasileiros que tem 7.000 exemplares ocupando cargos de Estado no atual governo (SAFATLE, El País [4]) – melhor dizendo: o atual regime militar, que ergue-se sobre os escombros do Estado Democrático de Direito com a fratura de 2016, é partícipe e cúmplice do genocídio em curso.
É claro que os milicos chegaram ao poder novamente com o auxílio de 57 milhões de cidadãos que decidiram ajudar a empurrar a já tão golpeada democracia brasileira no abismo ao votarem num defensor do extermínio em massa (“matar uns 30 mil”), da tortura instituída, do terrorismo de Estado. Uma aberração moral, um psicopata niilista, como Jair Bolsonaro, foi visto como opção aceitável por todos aqueles infectados pela cegueira do Bolsonavírus-covard17, capazes de se postarem como ovelhas diante de um pastor cruel e desumano, um líder fascista dos mais trogloditas, que diante de indígenas, quilombolas, homossexuais, petistas, cotistas, comunistas, favelados, dentre outros párias da terra, só sabe expressar o seu desdém niilista e as práticas a ele conexas. Diante desta “gentalha”, destes “esquerdopatas”, desta “ralé”, o Bolsofascismo prega: ou matar, ou deixar morrer.
No ano de 2018, biografado brilhantemente por Mário Magalhães, Marielle Franco foi assassinada e Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em dois crimes políticos que ajudaram a empoderar este monstro moral, partícipe e beneficiário do golpeachment de 2016, que em 2020-2021 mostrou sua face nunca dissimulada: a de genocida. A carnificina que levou a vida de mais de 400.000 cidadãos brasileiros em um ano de covid19 + covard17 torna-se hoje o emblema do insuportável. De maneira espantosa, uma multidão de cúmplices e coniventes pacientemente suporta este insuportável.
Com a pandemia do Bolsonavírus-covard17, foi o niilismo que viralizou, o colapso dos valores morais, a hecatombe da ética, a noção de que a vida humana não vale muita coisa, que pode ser facilmente sacrificada nos altares ao Mercado onde rezam ao deus-das-carnificinas os auto-proclamados Cidadãos-de-Bem. Na verdade, os cidadãos de bens, os detentores da bufunfa, dos latifúndios, dos bancos, fizeram de Bolsonaro seu Mito para através disso sentirem-se liberados para darem rédea solta aos piores demônios de suas psiquês.
No “hospício digital” cantado por Alliye [5], o niilismo viraliza no Zapistão a partir de memes odientos. O niilismo não somente faz colapsar a empatia, a solidariedade, a capacidade de se comover com 400.000 famílias que estão chorando a morte recente de alguém, numa des-valorização da vida humana que é a essencial antes de qualquer massacre. O próprio valor moral que podemos chamar de sinceridade ou boa-fé passa por um processo de deterioração tão profundo que podemos nos estarrecer diante do fato de que milhões de Bolsominions consideram Seu Jair como um cara “autêntico”, quando não passa de um mentiroso compulsivo.
Na verdade, nós podemos interpretar as condutas do Coiso sob o viés da psicopatologia, da mitomania, para concluir que ele mesmo é um adoecido, fanático por criar uma realidade alternativa e fake, gozando ao ver sua bolha comungando consigo no delírio.
O Capitão Cloroquina tratando o Bolsogado como cobaias de um experimento macabro: vamos fingir que existe um remédio pra esta “gripezinha”, vamos mandar a cambada trabalhar, pois ficar em casa ou usar máscara são coisas de maricas, defeitos de afeminados. Não deixem um resfriadinho e umas centenas de milhares de mortes desanimarem vocês da tarefa cotidiana de serem formiguinhas laboriosas suando em prol do P.I.B. e da re-eleição do vosso mítico presidente!
Agora tornou-se uma tarefa geracional esta: desarmar esta bomba niilista, este necrocapitalismo neofascista, esta política do “e daí?” diante da pilha de cadáveres de nossos concidadãos.
Os crimes contra a humanidade do governo de Bolsonaro – e aí devem ser incluídas as campanhas de comunicação social que deliberadamente desinformaram, vendendo a panacéia da cloroquina ou da “imunidade de rebanho” – precisam ser exemplarmente punidos, caso contrário esta impunidade pode gerar perigoso precedente para futuras pandemias em qualquer local do globo.
A morte do presidente da Tanzânia, talvez o único chefe-de-Estado que rivalizou com Bozo e Trump em matéria de negacionismo, forneceu um emblema que pode ser muito pedagógico, mas Jair Bolsonaro ainda não chegou nem perto de sofrer uma punição como a que fez tombar, morto de covid, o tanzaniano.
O planeta Terra inteiro tem interesse na deposição, julgamento e condenação de Jair Bolsonaro e seus cúmplices em Tribunal Penal Internacional – além dos crimes ambientais (tremendos ecocídios), a punição deste chefe-de-Estado por sua catastrófica política pandêmica serviria para dar um recado, mundo afora, àqueles que pretendam re-editar, em meio a uma crise sanitária e sócioambiental sem precedentes, o niilismo viralizado do mandar matar ou deixar morrer.
Wendy Brown pretende explicar “a ascensão da política antidemocrática no Ocidente”, sobretudo o Trumpismo, através de uma retificação das teses da Genealogia da Mortal de Nietzsche. O Trumpismo da América do norte – mas isto se aplica também ao Bolsonarismo, seu irmão-quase-gêmeo na América do Sul – é movido a niilismo e ressentimento.
A autora diz que “legitimidade em declínio e supremacia lesada estão no cerne dessa lógica hoje, e não meramente as frustrações daquilo que Nietzsche chamou de ‘fraqueza’. A moralidade judaico-cristã, sugere ele no primeiro ensaio da Genealogia, nasceu como vingança dos fracos, daqueles que sofreram em um sistema de valores que afirmava a força, o poder e a ação. Os fracos não se ressentiam da própria fraqueza, mas dos fortes, a quem eles culpavam (equivocadamente) por seu sofrimento. E assim eles inventaram um sistema de valores novo no qual a força seria repreendida como má, e a fraqueza, elevada como boa.
A invenção desse sistema de valores novo, diz Nietzsche, ocorre quando o ressentimento (…) ‘torna-se criativo e dá à luz valores. Os fracos não conseguem agir, apenas reagir, essa é sua crítica moralizante, (…) deste modo, uma valorização judaico-cristã da docilidade, da humildade, da autoabnegação e do ascetismo, mas também da igualdade e da democracia, emana da ferida da fraqueza e derruba os fortes e poderosos, a quem esta nova moralidade coage e pune.
Novamente, a criatura do ressentimento, em sua incapacidade de criar o mundo, o repreende; é quem ela culpa por seu sofrimento e humilhação, anestesiando assim sua dor aguda. Isso significa que o sistema moral que ela constrói tem, em seu âmago, o rancor, a reprimenda, a negação e até mesmo a vingança.
O ressentimento, o rancor, a raiva, a reação à humilhação e ao sofrimento – certamente todos estão em jogo hoje no populismo e no apoio da direita à liderança autoritária. No entanto, essa política do ressentimento emerge nos indivíduos que historicamente dominaram quando sentem tal dominação em declínio…” (BROWN, Wendy, p. 215) [6]
Ou seja, segundo Wendy Brown, o Trumpismo e o Bolsonarismo são expressões do ressentimento judaico-cristão tal como se manifesta em homens brancos privilegiados e dominadores que sentem-se ameaçados ou em decadência com a ascensão de movimentos, legislações e práticas inclusivo-democratizantes que contestam o império milenar da branquitude, da masculinidade e da cristandade. A fúria com que Trump quis reduzir a destroços o Obamacare (p. 218) ou a ira enfezada de Bolsonaro expulsando os médicos cubanos do Brasil revelam este desejo de vingança contra quem ousou excluir, demonstram uma vontade de re-afirmar a dominação e desmontar tudo aquilo que fez avançar a diversidade sexual e afetiva, étnico-racial, cultural-artística, através da inclusão de mais gente no âmbito da cidadania.
Eles querem re-fechar a esfera pública que estava sendo invadida por Marielles e Marinas, por Jeans e Márcias, por feministas, por lésbicas, por gays, por ativistas antiracistas e antifascistas etc. É a “a raiva dos destronados”, diz Wendy Brown, que se manifesta através por uma “política permanente de vingança, do ataque àqueles culpados por destronar a masculinidade branca – feministas, multiculturalistas, globalistas, que tanto os destituem quanto desdenham deles. A ferida não estancada e a raiva não sublimada, combinadas com um niilismo que ridiculariza previamente todos os valores, significa que altos níveis de afeto motivam as populações mobilizadas por eles, e não sistemas morais desenvolvidos.” (p. 217)
Isto é evidente para qualquer um que se dedique a analisar o conteúdo ético ou moral do BolsoTrumpismo: os valores são todos espezinhados, há um colapso de qualquer preocupação com o dizer-a-verdade, donde a elefantíase do negacionismo que queima o combustível do fanatismo religioso. Nem Trump, nem Bolsonaro, foram eleitos por sua “retidão moral”, na verdade eles se parecem muito mais com monstros morais para quem os olha a partir do viés do secularismo republicano e democrático. Teocratas do século 21, mobilizando massas de crédulos cristãos mobilizando “um ressentimento empapado de modo asqueroso de niilismo” (p. 219).
O Bolsofascismo, ou o TrumpBolsismo, manifestando-se nas Américas do Norte e do Sul, é uma doença civilizacional, uma disfunção coletiva, que está cobrando um alto preço em vidas humanas destruídas e saúdes para sempre marcadas por sequelas e traumas. Tudo isto pois as elites supremacistas de machos brancos e ricos não aceitam ter um pouco menos, estão fissurados em dominação total. “Essa supremacia foi ferida sem ser destruída”, escreve Wendy, “seu sujeito abomina a democracia, que julga responsável por suas feridas, e busca derrubá-la junto à medida que decai…”
“Talvez estejamos testemunhando também o que ocorre com o niilismo quando a própria futuridade é incerta. Um niilismo formado pela míngua de um certo tipo de dominância social, ou pela dominância social minguante de um tipo histórico. Na medida em que este tipo se encontra num mundo esvaziado não apenas de significado, mas de seu próprio lugar, longe de ir gentilmente noite adentro, ele se volta na direção do apocalipse. Se os homens brancos não podem ser donos da democracia, então não haverá democracia nenhuma. Se os homens brancos não podem dominar o planeta, então não haverá planeta.
Nietzsche era imensamente curioso a respeito do que viria depois dos dois séculos de intensificação do niilismo que ele esperava. Mas e se não houver um ‘depois’? E se a supremacia for o rosário segurado apertado à medida que a própria civilização branca parece estar acabada e leva consigo toda futuridade? E se for assim que tudo terminará?” (Wendy Brown, op cit, nota 6, p.220)
O Trumpismo e o Bolsofascismo, que juntos já causaram 1 milhão de óbitos no EUA e no Brasil (2020-2021), são ideologias tóxicas e exterminadoras do futuro, calcadas no negacionismo não só do “resfriadinho” mas também das mudanças climáticas antropogênicas e da destruição ambiental como fator-chave na emergência de pandemias. São doutrinas rígidas que se baseiam na defesa intransigente de privilégios injustos gozados pela masculinidade, pela branquitude e pela cristandade.
Estas ideologias levam a lógica neoliberal a uma exacerbação que chega à insanidade, a exemplo do Ministro da Economia Paulo Guedes, um fã do general Pinochet e seus Chicago Boys, seguidor das doutrinas de Friedman, que prega a desregulação completa dos mercados em prol do rentismo e das altas finanças, justo quando o vírus exigia uma forte presença do poder público como coordenador de uma campanha nacional de saúde, de vacinação, de conscientização etc. Guedes e Bolsonaro são a encarnação do capitalismo genocida, como escreveu Manzano no Le Monde Diplomatique.
Uma chave possível para lermos o empoderamento e massificação do Bolsonavírus é o apego à dominação e ao privilégio que motiva os defensores das sacrossantas tradições masculinistas, racistas e judaico-cristãs, como se o fato de serem tradicionais as fizesse justas, como se sua antiguidade fosse argumento em prol de sua futuridade, como se o avanço da inclusão de mulheres, afrobrasileiros e outras crenças e modos-de-viver nos espaços públicos, midiáticos, educacionais e institucionais fosse uma afronta àquilo que eles desejam monolítico: a hegemonia incontestável e incontestada de homens brancos e ricos, que se dizem cristãos mas são capazes de cometer genocídios contra aqueles que são marcados como abjetos e indignos de luto.
Mataram Marielle para mandar um recado à toda sociedade: “não toleraremos uma mulher negra lésbica e socialista ousando se empoderar.” Tentaram enterrá-la mas não sabiam que ela era semente. Que seu exemplo de vida, e até mesmo seu martírio, iria incentivar muita gente a tomar de assalto os espaços de poderes que os dominadores branquelos do masculinistão cristofascista desejam manter como sua área VIP exclusiva.
Em afronta aberta contra isto, a cantora Pitty manifestou num tweet memorável uma atitude diante do niilismo ressentido de todos os infectados com o Bolsonavírus-covard17: “Eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. O choro é livre (e nós também).” (Twitter, 2015) [7] Talvez haja aí todo um programa sócio-político resumido: o Masculinistão Cristofascista da Supremacia Branca pode chorar, pode espernear, pode ameaçar com golpe militar e estado de sítio, mas há na sociedade brasileira legiões de cidadãos que batem o pé e dizem que as mulheres não voltam pra cozinha (nem pra lavanderia), nem os negros pras senzalas (ou pro inferno carcerário do aprisionamento em massa), nem os gays pros armários aos quais são condenados pela doentia homofobia dos fanáticos da heteronormatividade.
É evidente que Jair Bolsonaro, que teve quase 60 milhões de votos em 2018, não foi escolhido nas urnas apenas por homens, brancos, ricos e cristofascistas, já que estes perfazem uma minoria numérica bastante pífia. O enigma de decifração mais difícil está no fato de que houve sim mulheres, negros, favelados, desempregados, funcionários públicos etc. que deram seu apoio e a aval ao Bolsonarismo, o que nos leva inevitavelmente a pensar na teoria Paulo Freireana que afirma: o oprimido pode hospedar dentro de si os valores e as ideologias do opressos. Foi isto o que vimos: o Bolsonavírus infectou gerou e vimos uma epidemia de pobres de direita, afrobrasileiros sendo cúmplices dos racistas (vejam, por exemplo, o presidente da Fundação Palmares), gays aderindo às pautas da direita homo e transfóbica etc.
É esta insanidade que o Bolsonavírus e seu equivalente Yankee acarretaram e que produziu tamanho morticínio. Logo, nossa tarefa histórica, a mobilizar todas as energias e todo os suores dos cidadãos, dos agentes culturais, de quem trabalha com educação e mídia, consiste hoje em realizar a crítica impiedosa que destrua a consciência ingênua daqueles que aderem ao programa do opressor, resignando-se a serem oprimidos que se identificam imaginariamente com a psicopatia niilista dos dominadores feridos em sua supremacia.
Construir um coro de voz, um concerto de ações, que diga em alto e bom som “respeite a resistência, ou espere resistência!” é nossa mais urgente realização a opor contra os banalizadores da morte, contra os niilistas que espezinham todos os valores, contra os que estão infectados pelo Bolsonavírus-covard17 e tornam-se assim os infelizes hospedeiros da pior comorbidade que existe: acreditar no presifake psicopata Jair Messias Bolsonaro a ponto de juntar-se às hostes dos coniventes e dos cúmplices de um genocídio.
NOTAS
[1] CNN Brasil. 1 a cada 5 brasileiros vítimas da Covid-19 morreu em março de 2021.
[2] ARAÚJO, Vera; OTAVIO, Chico. Mataram Marielle. Rio de Janeiro: Ed. Intrínseca, 2020, p. 16.
[3] O Globo. ‘Eu poderia ter anunciado quem a gente acha que foi’, diz ex-interventorBraga Neto sobre caso Marielle.
[4] SAFATLE, Vladimir. A segunda fase do regime militar. No El País, Março de 2021.
[5] ALLYIE. Canções “Covard 17” e “Hospício Digital”.
[6] BROWN, Wendy. Nas Ruínas do Neoliberalismo: a Ascensão da Política Antidemocrática no Ocidente. Politéia, 2019.
[7] PITTY. Twiiter. 2015.
Publicado em: 04/04/21
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
E o lado obscuro…, não vai mostrar, não?? No testão acima?
Alta cultura é o que o Brasil precisa mais.
PSOL , PT tudo vigarista fantasiados de bonzinhos e salvadores. Picaretas de alta periculosidade.
Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica:
Com a “Copa das Copas®” do PT®, em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!
A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Sempre se utiliza de propaganda, narrativas e publicidades sofisticadas e bem feitas para enganar e praticar lavagem-cerebral nos meios de comunicação. Não se desenvolve a imaginação.
E hoje precisamos muito mais de eventos sérios e artísticos. De um Brasil que se perdeu nessa década de 2010 pra cá. Um mau gosto enorme dos políticos que vieram durante esse período. Sempre com um mau gosto imenso. E o país sem escola para novas gerações. Tudo foi por água abaixo — naturalmente.
Excelentes escolas precisamos! Educação de 1ª.
Não precisamos de políticos tricksters. Precisamos de educação de qualidade no Brasil. Sobretudo das crianças pequenas.
O que é trickster? “Trickster” é, na mitologia, e no estudo do folclore e religião, um deus, deusa, espírito, homem, mulher, ou animal antropomórfico que prega peças sem se perceber.
É uma espécie de Malandro®. Um personagem que usa de astúcia, em vez de força ou autoridade, para realizar seus objetivos (escusos).
Aí fiquei pensando nos personagens das historinhas que nos são contadas onde há dentro dessas historinhas essas sabedorias. Lembrei da raposa, com sua malandragem suave e dócil (fingida). E me lembrei do Lobo, de Chapeuzinho Vermelho.
Portanto, deve ser um vigarista, truculento, e picareta. Lembrei imediatamente do Molusco® apedeuta, dos Ministros Petistas sindicalistas e do PT® em geral. Trapaceiros.
O PT© e o PSOL© são barangos. Os Kitsch políticos contemporâneos.
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
Martha Hirsch Aulete
Comentou em 15/04/21