O conhecimento
caminha lento feito lagarta.
Primeiro não sabe que sabe
e voraz contenta-se com o cotidiano orvalho
deixado nas folhas vividas das manhãs.
Depois pensa que sabe
e se fecha em si mesmo:
faz muralhas,
cava trincheiras,
ergue barricadas.
Defendendo o que pensa saber
levanta certezas na forma de muro,
orgulhando-se de seu casulo.
Até que maduro
explode em vôos
rindo do tempo que imaginava saber
ou guardava preso o que sabia.
Voa alto sua ousadia
reconhecendo o suor dos séculos
no orvalho de cada dia.
Mesmo o vôo mais belo
descobre um dia não ser eterno.
É tempo de acasalar:
voltar à terra com seus ovos
à espera de novas e prosaicas lagartas.
O conhecimento é assim:
ri de si mesmo
e de suas certezas.
É meta da forma
metamorfose
movimento
fluir do tempo
que tanto cria como arrasa
a nos mostrar que para o vôo
é preciso tanto o casulo
como a asa.
MAURO IASI
Publicado em: 05/06/15
De autoria: casadevidro247
Lindo poema. Mtf
Esse poema parece que foi feito pra mim estou com 51 anos de idade e agora que estou fazendo graduação em serviço social. Entendo que fui enganado toda a minha vida
Que maravilhoso,veio de encontro com tudo que estou vivendo !!! Realmente a cada dia descubro mais e mais os significados de uma existência,a minha real existência…muitíssimo obrigada!!!!
Há mais de 10 anos trabalho com esse poema em sala de aula, no curso de Letras e de Pedagogia. Como é significativo para compreender o processo do conhecimento.
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia
Maria Teresinha Faraco
Comentou em 30/07/17