“O que mais chamava a atenção em seu rosto eram os olhos incrivelmente despertos, deslumbrantes às vezes pela devoção e fixidez com que podiam fitar, como se o que estivessem vendo em cada momento fosse de extrema importância, digno não apenas de ser ver mas de se estudar detidamente, de se observar de maneira excludente, de se apreender para guardar na memória cada imagem captada, como uma câmara que não pudesse confiar em seu mero processo mecânico para registrar o percebido e tivesse de se esforçar muito, dar muito de si. Esses olhos lisonjeavam o que contemplavam.” (JAVIER MARÍAS. Coração Tão Branco. || Ed. Cia das Letras || Trad. Eduardo Brandão || p. 82)
Publicado em: 12/02/11
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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