“Ganhe ou perca Dilma Rousseff (e o Ibope e Datafolha repetem a vantagem dela sobre o adversário tucano Aécio Neves), o PT fez nesta empolgante jornada eleitoral do segundo turno a sua campanha mais autêntica desde 1989.
Em vez dos slogans limpinhos e brilhantes dos marqueteiros, o que se viu foi a multiplicidade de vozes, sotaques, reivindicações e cores.
Se, na campanha do primeiro turno, Dilma aparecia um dia em um templo evangélico – e no seguinte também –, nesta, ela surgiu em ato na periferia de São Paulo ladeada por representante devidamente paramentada de uma religião de matriz africana. E defendeu, ao lado do imprescindível Jean Wyllys, do PSOL, a criminalização da homofobia, para horror do fundamentalismo religioso de Marco Feliciano e Silas Malafaia.
Foi uma Dilma ativista dos Direitos Humanos a que se viu –comprometida com a luta “contra a discriminação da juventude negra deste país, contra os ‘autos de resistência’, contra esse morticínio”, disse ela em Itaquera, bairro da zona leste paulistana. (Os “autos de resistência” são instrumentos jurídicos que têm servido para mascarar os homicídios praticados pela Polícia Militar, acusando as vítimas de ter tentado resistir à abordagem policial.)
“Achei foda a Dilma falar de ‘auto de resistência’… Foi bem bonito hoje. Tô emocionado e acho que isso aqui hoje é histórico. Nunca fui tão convicto para as urnas igual eu vou no dia 26. É 13 mesmo!”, declarou ao fim do ato o rapper Emicida, uma das maiores referências do hip hop nacional.
Saíram do proscênio os petistas amigos de banqueiros e do agronegócio e entraram outros tipos de dirigentes, mais ligados à militância das ruas, como o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira e o ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins –ambos escanteados durante o primeiro governo Dilma.
Eles ajudaram a campanha petista a desenvolver o encantamento da “continuidade que segue sonhando”, esvaziando o discurso meramente mudancista da oposicão.
Foi como transfundir sangue em paciente anêmico. “Em vez da medíocre e derrotista política do possível, a grandiosidade de lutar para tornar possível o impossível”, conforme descreveu um militante.
O resultado tem sido o reencontro do PT com a espontaneidade das ruas. Se, em outras campanhas abundavam as monótonas camisetas distribuídas gratuitamente pelos comitês eleitorais, nesta, são os militantes que fazem a moda-PT, usando o avatar que inunda as redes sociais, de uma Dilma guerrilheira, retratada ainda jovem e de óculos. Nos comícios petistas em Recife e São Paulo, garotos levavam suas camisetas para serem impressas com silk screen ali mesmo.
Do lado de Aécio Neves, uma militância também aguerrida tem disputado as ruas, com uma narrativa bem diferente. Na concentração realizada no largo da Batata, em Pinheiros, na quarta-feira, 22/outubro, colada ao centro fashion-financeiro da avenida Faria Lima, os tucanos (Fernando Henrique Cardoso presente) gritavam em uníssono “Fora PT! Viva a PM!”
Como se vê, da atual campanha pode-se dizer tudo. Menos que tenha sido despolitizada. Os dois projetos de Brasil estão expostos em toda a sua nudez. Que falem as urnas.
Laura Capiglione, publicada no Yahoo.
Via Mídia Ninja.
* * * * *
P.S.
O P.I.G. E SEU CANDIDATO, AÉCIO NEVER
Qualquer cidadão brasileiro que tenha ficado indignado com o #DesesperoDaVeja, que conduziu a revista da Abril a realizar crime eleitoral através da calúnia e da difamação mais desavergonhadas, faz um favor a todos a nós nesta ampla pátria que sonhamos como um futuro melhor para as comunicações no Brasil ao recusar-se a votar em Aécio Neves, o candidato do P.I.G. (o Partido da Imprensa Golpista). O modo como Aécio e a mídia corporativa agiram nesta reta final é mais um imenso argumento contra sua pretensão, cambaleante, de tornar-se presidente da República: Aécio age como Silvio Berlusconi, o tirano italiano hoje já afastado do cargo e condenado na justiça.
O Tucanato faz tempo que pensa na mídia como sua serviçal, sua putinha de luxo, que publicará tudo o que PSDB pagar de jabá. Geraldo Alckmin dá uma dinheirama de dinheiro público para a Veja, e quem sofre a infelicidade de ter que ler o panfletário hebdomadário tucano são as crianças paulistas do sistema público de ensino (pô, Geraldinho, não as exponha a tal tortura, a tal lavagem cerebral! Dê-lhes Júlio Verne, dê-lhes Ziraldo, mas não estraçalhe mentes com o jornalixo vejístico!).
A Rede Globo – que na última hora parece ter desistido de acompanhar Veja na tentativa de golpe – deve ter se contido por medo, de modo que Junho de 2013 até que serviu para alguma coisa: obrigado aos Black Blocs que expulsaram repórteres do P.I.G., e ativistas que pintaram com esterco a sede da TV Globo no Rio de Janeiro. Eles mereciam muito mais do que uma salva de vaias na lingagem da merda: nunca fomos devidamente informados pela Rede Globo da Privataria Tucana da Era FHC (comandada pela parentada de José Serra, como o livro de Amaury Jr. documenta com farto material comprobatório). A mesma Globo teria a cara-de-pau de ficar apontando o dedo para o PT como se ele fosse o mais sórdido e horrendo dos antros de corrupção, quando a própria Globo é acusada de tentar ludibriar o Fisco, furtando aos cofres públicos um valor que devia ser pago que ultrapassa os 500 milhões de reais?
Tanto Globo quanto Veja tem que responder na justiça e diante do povo brasileiro por seus crimes, pela sistemática desinformação que veiculam, pela perseguição política contra o PT que os torna bem assemelhados aos magnatas elitistas da imprensa venezuelana em sua campanha neurótica contra o “bolivarismo”.
Aécio Neves, que é notório censor da imprensa em MG, que pensa poder ser o caubói que “põe ordem na Internet” (através do ataque a blogueiros e jornalistas independentes), que é um empresário com capitais aplicados na imprensa corporativa mineira incapaz de respeitar a liberdade de imprensa e opinião, é uma péssima escolha para a democracia do Brasil que precisa urgentemente ser refrescada e renovada por projetos extraordinários e brilhantes como a Mídia Ninja, A Nova Democracia, Outras Palavras, Pública, dentre outras.
Avante, juntos, fiéis ao commons, não vamos permitir que a praga do P.I.G. prossiga. “Don’t hate the media… become the media!”
Eduardo Carli de Moraes
Publicado em: 26/10/14
De autoria: casadevidro247
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia