Em 23 de Outubro de 2024, foi realizado em A Casa de Vidro Ponto de Cultura um eventaço promovendo a confluência entre a cena musical e audiovisual em clima de insurgência anti-proibicionista: na ocasião, rolou a première do documentário média-metragem Artigo 28 (já disponível na íntegra no YT), uma produção do Santa Ganja, um marco da cultura cannábica goianiense em sua expressão audiovisual (que vem se somar a Bendito Seja o Beck, produção dos estudantes de cinema da UEG, e a Bolando Um Futuro Sem Guerra, filme a ser lançado em breve pel’A Casa de Vidro).
Nesta noite fervilhante de arte e ativismo, os Fritos da Terra também realizaram um pocketshow fervilhante, em que apresentaram 3 canções autorais: sua primeira single “Sempre Caberá Mais Um” (2023), “A Hora do Chá” (composta para as mobilizações da Marcha da Maconha Goiânia 2024 e tocada na Praça Universitária durante o show da banda) e “Bora Marcar” (próxima singles dos Fritos a ser lançada), além de uma versão de “Lucro (Descomprimindo)”, do Baiana System, uma das bandas que mais inspira o trampo fritense. Assista a seguir à performance do grupo atualmente composto por Leonardo Vergara (voz, percussão, violão, letras), Eduardo Carli (guitarra, letras), Júlio Cézar Oliveira (percussão) e Leon Duarte Borges (contrabaixo, arranjos).
Nesta ocasião, também foi lançada a 2ª edição do Zazazine, publicação do Coletivo Mente Sativa, que conta com matéria escrita por Felipe Matos (@piradopirata) – Goiânia incendeia a luta pela liberdade na Marcha da Maconha 2024 – em que o autor celebra os artistas da cena artístico-cultural que se somaram ao movimento de rua em prol da legalização da maconha:
“a atmosfera era de pura vibração”, escreve Felipe, “famílias, jovens, estudantes, ativistas de diferentes causas… a marcha unia a todos em um só ritmo, embalados pela música contagiante do Batuque Sativa, dos rappers Da Silva, Jimmy e Malik Lion, e das bandas União Clandestina, Banana Bipolar e Fritos da Terra. Uma verdadeira celebração à liberdade! A cada passo, a cada canto de ‘Legaliza!’, a certeza de que a luta por um futuro sem repressão se fortalecia. A Marcha da Maconha em Goiânia se consolidava como um espaço de união e empoderamento, onde a voz de cada um ecoava o desejo por justiça social.” (2024, pg. 10)
Nesta ocasião, realizou-se também o sorteio de uma cópia do livraço “Diamba: Histórias do Proibicionismo no Brasil” de Daniel Paiva:
“Levando em conta que a história do Brasil consegue ser pioneira e ainda mais racista em relação à proibição da maconha, o autor fez uma pesquisa minuciosa para desenhar esta HQ. A partir de uma notícia de jornal, que contava sobre um jovem preso apenas por estar usando um boné estampado com a folha da cannabis, Daniel inicia a narrativa descontínua, partindo de uma dura da polícia em uma favela, que poderia estar em qualquer grande cidade do Brasil, costurada por letras de músicas, onde flashbacks conduzem o leitor por diversos fatos históricos desde os primeiros registros do uso da maconha na China antiga, passando pelas grandes navegações, a colonização das Américas, a escravidão, até chegar ao proibicionismo do século XX, à Guerra às Drogas e à discussão da legalização das drogas nos dias de hoje. O quadrinho traz também vários casos ocorridos em decorrência da proibição, como as prisões de artistas como Gilberto Gil, Rita Lee e a banda Planet Hemp. Também conta o surreal Verão daLata, em 1987, quando um navio derramou vinte e duas toneladas de latas de maconha no litoral brasileiro. E o Verão do Apito, em 1996, quando os banhistas do Posto 9, em Ipanema, usaram apitos para avisar aos fumantes que a polícia estava se aproximando. O documentário em quadrinhos, Diamba, é um manifesto anti-racista, pela legalização da maconha no Brasil e pelo respeito às liberdades individuais. Expõe nossas feridas históricas e coloca o antiproibicionismo em debate. Nos leva a refletir oporquê da proibição de uma planta que tem a sua história entrelaçada com a história da humanidade, com benefícios medicinais comprovados pela ciência, com novas características curativas sendo descobertas a cada mês. O uso industrial do cânhamo comoa possibilidade de substituir o plástico. E, por fim, uma planta cujo uso recreativo é inofensivo, agregador e criativo.”
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A descriminalização do usuário de m@conha pelo Supremo Tribunal Federal, em 26 de junho de 2024, foi o primeiro passo em direção a uma lei de drogas mais justa e humana, ainda que não seja (nem de perto) a solução do problema. Apesar da “cannabis medicinal” ser “legalizada” no nosso país, o quão acessível ela realmente é? E como garantir que esta planta, comprovadamente terapêutica, chegue nas periferias sem que, para isso, a violência e o estigma venham junto? Na jornada em busca de uma regulamentação que garanta o acesso, é importante analisarmos onde estamos atualmente e onde gostaríamos de chegar. Partindo, primeiramente, do pressuposto de que: usuário não é criminoso!
Artigo 28 (2024) é uma produção independente e sem fins lucrativos. Entrevistados: Caroliny Cirino (Presidente da Associação Mães de Cannabis); Fabrício Rosa (Vereador por Goiânia, Policial Antifascismo e membro do Coletivo Mente Sativa); Malu Curado (Advogada especializada em Direito Penal e Direito Constitucional e membra do Coletivo Mente Sativa); Rodrigo Diggs (Músico, Poeta, Campeão de Slam, Professor de Filosofia e Paciente); Vítor Albuquerque (Advogado Criminalista, Presidente Estadual do Instituto Anjos da Liberdade- GO e membro do Coletivo Mente Sativa). Roteiro, Entrevista, Direção e Edição: Milson Santos.
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Publicado em: 01/11/24
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia