O filósofo e biólogo darwinista norte-americano Daniel Dennett, apesar da simpática barbona branca quase bíblica que adorna seu rosto sereno, é o exato oposto de um profeta: é um desmistificador. E de primeira grandeza. O pouco que conheço do pensamento e da “militância” de Dennett basta para que eu o considere uma das mentes que mais merecem ser ouvidas no atual panorama intelectual mundial (ouçamos também Zizek, Peter Singer, Comte-Sponville, Ernesto Sabato, Eduardo Galeano, o recém-falecido Saramago!). Pois prosseguimos necessitados de mentes lúcidas que procurem “desfazer os feitiços” causadores de catástrofe. Dennett é “lucidez em jato contínuo” que vem para questionar perigosas fantasias e preconceitos que mantem povos cativos de dogmas e rixas, cegueiras e guerras.
Breaking The Spell – A Religião Como Fenômeno Natural é o nome de uma das principais obras de Dennett, publicado lá fora em 2006 e recentemente traduzida para o português e lançada pela Ed. Globo). A teoria da evolução de Darwin, que Dennet apelidou em outra de suas obras de Darwin’s Dangerous Idea, é exposta com uma ênfase em seu fator “subversivo“, como algo irreconciliável com os dogmas religiosos. Pode parecer óbvio e batido constatar que não há acordo ou reconciliação possível entre A Evolução das Espécies, de um lado, e a Bíblia e o Alcorão, de outro. Mas a bizarra e teimosa “persistência” quase “viral” das religiões neste século 21, que decepcionaria tremendamente Voltaire e Nietzsche, se hoje vivessem, é uma razão mais para estarmos convictos de que o darwinismo continua precisando, sim, de inteligentes e sábios advogados. Dennett é um deles.
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Publicado em: 22/04/11
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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